Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2025-03-17

Voltando à Estrada do Vale do Zêzere…

Voltando à Estrada do Vale do Zêzere…

 

Palavras chave

acessos  estrada  
 

Até ao momento em que escrevemos mais este artigo relativo à situação da estrada em epígrafe, o único projecto público de que há conhecimento sobre esta via foi aquele que a ASE apresentou, inclusivamente, à própria empresa que tutela as estradas nacionais na sua sede, em Almada.

A população manteiguense tem vindo a ser altamente penalizada pelo encerramento da EN 338, que liga Manteigas aos Piornos, em consequência dos incêndios que têm ocorrido neste Vale, principalmente, desde 2005. Já nessa altura, tivemos oportunidade de alertar para as consequências da exposição das encostas aos agentes erosivos, conforme se veio a verificar posteriormente pela quantidade evidente de encerramentos desta estrada. Tomemos como exemplo o último fecho do troço do Vale do Zêzere, após o incêndio de 2022, em que só mais tarde se definiu a alternativa que se pode observar até aos dias de hoje – a reabertura da estrada estreitada com blocos de betão, uma via apenas para circulação de carros nos dois sentidos, engarrafamentos e um semáforo que promove filas intermináveis de espera.

A Serra da Estrela, um lugar de satisfação e harmonia com a natureza, que deveria, por si só, proporcionar sensações de bem-estar a quem lá vive e a quem lá passa, acaba oferecendo um cenário diário que se opõe por completo à realidade que se pretendia. Graças às condições da estrada que atravessa do Vale do Zêzere, o estado actual desta zona específica revela-se de grandes prejuízos a todos os níveis e a promoção deste cenário conduz as pessoas a uma experiência de stress e frustração.

Não restando dúvidas quanto aos esforços que os edis de Manteigas têm vindo a realizar na procura por uma solução viável, também não temos dúvidas de que a solução que arranjaram até ao momento não terá sido a melhor. Desde logo, porque a principal causa para o encerramento das estradas sempre foi de solução local, enquanto a via se trata de uma responsabilidade – e uma obrigação – que à Infraestruturas de Portugal SA compete.

Foi tornada pública a adjudicação de uma empreitada para a instalação de “barreiras dinâmicas” na EN 338 a partir de Abril e com término previsto para finais de Julho, tendo como objectivo evitar a queda de pedras, permitindo a circulação normal na estrada após a conclusão destes trabalhos. Esta medida procura sanar um problema que devia ser encarado com uma perspectiva local, menosprezando, assim, a capacidade de cobrir um desejo manifestado pela população há já muitos anos – o alargamento da estrada.

Ora, o que a ASE apresentou reúne um conjunto de valências que se prendem com a estabilização da encosta, a diminuição substancial dos riscos de incêndios e da erosão, o aumento da biodiversidade e da capacidade de armazenamento da água no sub-solo. Já no que concerne à plataforma, a ASE propôs a manutenção do actual perfil da mesma, alargando a estrada em mais 70 centímetros e mantendo o presente traçado. Isto é, sem que haja cortes das curvas já existentes, para evitar o aumento de velocidade dos veículos que nela circulam e permitir o cruzamento de pesados em segurança. A introdução de um sistema de drenagem, inexistente na actualidade, é uma mais-valia para combater o escoamento das águas para a via, o que causa acidentes pelo gelo que se forma na plataforma.

Após uma breve análise, parece-nos que a adjudicação de mais de 3 milhões de euros para a instalação da rede elástica será, indubitavelmente, uma minimização do risco de queda de blocos. Porém, constitui um elemento estranho à paisagem, uma barreira de combate aos incêndios e não resolverá o problema da via, pelo que se fossem investidos de acordo com a proposta da ASE, a solução da estrada podia já estar resolvida.

 
 

 
 
 
 

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