2025-03-17
Palavras chave
actividade asestrela montanhaEm primeiro lugar, há-que registar o que, de facto, foi significativo para os associados presentes, para a nossa propriedade e para a Serra da Estrela no que toca à gestão e conservação do património, proporcionada em mais um ASESTRELA.
Os 50 participantes presentes puderam desfrutar da magnífica paisagem do Vale Glaciário do Zêzere. Felizmente, a montante da nossa propriedade, o esplendor do Vale permanece intacto, ainda que o mesmo não se possa dizer da área a jusante que, infelizmente, se trata de um caso perdido pelas construções que se alastram e danificam o espaço e a paisagem. Porém, a oportunidade de acampamento sob condições atmosféricas adversas permitiu aos participantes sentir a Serra no corpo e, simultaneamente, a garantia de apoio oferecido pelas Cortes, oferecendo conforto e satisfação, basilares para o melhor aproveitamento dos acampamentos de Inverno.
A manifestação do desejo de plantação de árvores foi evidente em todos os participantes e, como consequência desta veia solidária, plantaram-se cerca de 60 árvores. A somar às que já lá estavam, são agora mais de uma centena de árvores que vivem no solo da propriedade da ASE e que fazem toda a diferença na paisagem e na natureza da região.
As caminhadas que estavam previstas sofreram alterações para que não se corresse o risco de privar os participantes de tirar o devido proveito da Serra. O primeiro dia da actividade levou os participantes a conhecer as encostas das montanhas pela misteriosa paisagem que surgia por entre a neblina. No segundo dia, os participantes transportaram tábuas de madeira necessárias à substituição das actuais tábuas que servem de passagem na Ponte Bolota, erguida pela ASE em 2007. As que se encontram no pontão da Ribeira da Candeeira actualmente, são as mesmas que foram construídas nas oficinas da Câmara Municipal de Manteigas e que os participantes do NEVESTRELA 2007 tiveram a amabilidade de transportar, permitindo, desde então, que qualquer caminhante possa atravessar a Ribeira.
As plantações de árvores, as caminhadas e o transporte das tábuas de madeira foram experiências enriquecidas pelo espírito dos participantes que, tantas vezes, se juntaram ao calor da lareira da Corte para confraternizar, partilhar histórias e fomentar o companheirismo único que só a montanha e todo o contexto envolvente pode dar a conhecer. A chuva, o frio, a incerteza e o cansaço, quando confrontados com a amizade, a presença, o abrigo e a partilha, são o mote para experiências inesquecíveis de crescimento e paixão pela Serra da Estrela.
Mas, não obstante o feedback positivo dos participantes, a par com todos os aspectos enriquecedores que este ASESTRELA 2025 pôde proporcionar, não podemos deixar de fazer referência a algumas dificuldades que nos continuam a impedir a passagem por alguns caminhos desta Serra.
Constatámos, desde logo, a presença de terceiros que se aventuram pela montanha desprovidos do equipamento adequado e com preparação duvidosa, talvez sem consciência de como a montanha nos pode, por vezes, surpreender de forma súbita, como numa forma de “revolta” inesperada que facilmente origina situações delicadas para os próprios e, claro, para os meios de socorro. Este cenário parece apelar a uma sensibilização geral, não só dos curiosos que buscam conhecer a Serra, mas de todos aqueles que os podem auxiliar na longa jornada de conhecer a íntima relação entre o próprio e a Serra da Estrela nas suas mais diversas condições.
Adicionalmente, as actividades que a ASE tem vindo a desenvolver na Serra da Estrela, onde está sedeada e onde possui propriedades, não tem sido tarefa fácil. A perseguição, de quem menos seria de esperar, mantém-se. Mas não vai ser à força que privarão a nossa Associação de prosseguir com os objectivos que sempre estiveram presentes desde a sua origem – a defesa do Património Natural, Cultural e Patrimonial da Serra da Estrela.
Começamos por afirmar que nenhuma entidade poderá exigir um parecer ou obrigatoriedade de os informar previamente acerca da organização de caminhadas por caminhos que, na verdade, são públicos, estejam estes sinalizados ou não. São de uso público, pelo que, qualquer tentativa de atropelo a este direito, terá a nossa oposição. Não deixaremos, no entanto, de acatar as recomendações que venham a ser implementadas e sinalizadas, desde que devidamente fundamentadas e direccionadas para a preservação do Património Natural. Será sempre proveitoso referir que a ASE não é uma empresa e, tampouco, vende ou presta serviços turísticos ou outros. Pelo contrário. Tudo tem feito para apelar à realidade de que as práticas actuais, como têm vindo a ser promovidas e desenvolvidas no turismo na Serra da Estrela, têm pouco a ver com a preservação da mesma. Mais se acrescenta que não são benéficas para a população residente.
O ASESTRELA manteve-se marginal aos percalços burocráticos que tivemos de registar, mas cremos que os mesmos tenham ocorrido por mero excesso de zelo, já que acampar na sua própria propriedade numa iniciativa que não era comercial é um direito que não deve ser negado a nenhuma entidade. Mas para todos os associados que participaram nesta actividade, há-que realçar o que foi verdadeiramente positivo – a Gestão e Conservação do seu Património.
O calor da lareira selou o triunfo de mais um ASESTRELA e deixou o pretexto para a próxima actividade que, já tendo nome, vem ajudar a clarificar aquilo que sempre defendemos, uma “ESTRELA LIVRE”. E será já no próximo dia 26 de Abril!
Defesa ambiental | 2025-05-07
Fauna | 2025-05-07
Defesa ambiental | 2025-05-07
0 Comentários