2025-03-17
Palavras chave
alojamento hotel turismoA pressão turística e a falta de alojamento para lhe dar resposta estarão na base do aparecimento repentino dos Alojamento Locais, fundamentalmente, na região de Lisboa e outras cidades com excessiva procura pelo turismo.
Na tentativa de resolução de duas situações distintas – a procura pelos turistas e o apoio a muitas famílias do ponto de vista socio-económico, terá sido o mote para que os AL tivessem evoluído muito rapidamente, sem que se tenha feito qualquer ponderação para as consequências resultantes de uma actividade que cresceu exponencialmente, alastrando-se a todo o país como cogumelos.
Nas grandes cidades, nomeadamente, em Lisboa, os sinos já tocaram a rebate e os AL começam a ser postos em causa. Muitos locais começaram a ver as ruas onde moram ocupadas por AL, sem que muitos desses residentes tenham conseguido resistir à pressão do negócio. Tiveram, então, de procurar outras paragens mais distantes do seu lar habitual e, para agravar a situação, dá-se conta que essas unidades de alojamento não pertencem a quem poderia beneficiar desse apoio extra e, em vez disso, são geridas por empresas que, nalguns casos, possuem centenas de AL. Trata-se de uma verdadeira indústria que faz das normais habitações um chorudo negócio. Um estudo promovido pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, em 2016, deixa pistas da realidade que já se passava até à data.
Mas o meu propósito não é envolver-me por questões do Direito ou dados estatísticos, principalmente, numa área que não domino. Prefiro fazer uma análise mais simplista do que penso sobre o assunto e de como, na minha opinião, esta nova forma de alojamento pode estar a prejudicar o desenvolvimento e a não compensar a perda demográfica que tem sido uma constante. Em 10 anos, os seis concelhos da área da Serra da Estrela perderam mais de 13% da sua população. (1)
De modo geral, os serviços que envolvem os AL, são, na verdade, uma pessoa (frequentemente, os proprietários) que se encarrega das limpezas. Em muitos casos, já utilizam o sistema de chaveiro à entrada e não chega a haver contacto pessoal. Relativamente à promoção do emprego, estamos conversados. Como a generalidade dos alojamentos possui cozinha ou kitchenette, as idas a restaurantes serão residuais. E não pretendo entrar pela questão dos preços que se praticam, pois trata-se de uma questão de mercado e o cliente terá sempre uma opção.
O que na realidade me preocupa, e que me parece não ter sido motivo de atenção por parte das entidades que tutelam o Turismo, é o facto dos AL não terem a exigência dos empreendimentos turísticos e, ainda por cima, lhe vieram fazer uma concorrência que, do meu ponto de vista, é prejudicial às comunidades. Um hotel, uma residencial, para poder subsistir, tem de ter um leque de trabalhadores, sem os quais não consegue funcionar: recepcionistas, restauração, lavandaria, quartos, enfim, postos de trabalho que terão, inevitavelmente, de possuir uma casa para viver e, provavelmente, uma família para constituir e sustentar. Isto é, quantos mais postos de trabalho houver, maiores garantias de se manter e aumentar a população. Todas estes elementos fazem parte de uma equação em constante dinâmica, porque o aumento de famílias implica o aumento de crianças, e, por sua vez, mais crianças proporcionam mais garantias de creches, escolas e por aí fora. Mas, se em vez disto, as potenciais fontes de trabalho enfrentarem uma concorrência “desleal” – sem referir as que estarão fora do sistema – então passaremos a vida correndo atrás do prejuízo, alcançando constantemente um futuro que de futuro pouco terá!
Referência
Defesa ambiental | 2025-05-07
Fauna | 2025-05-07
Defesa ambiental | 2025-05-07
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