2024-12-10
Palavras chave
agua oceano plasticosAna Pêgo é bióloga e coordena o projecto Plasticus Maritimus. À semelhança dos seus irmãos, Leonor e Bernardo, é amiga da Serra da Estrela desde criança, fruto do legado deixado pelo seu pai, Saúl Carvalho, que fez parte da Direcção da nossa Associação durante vários mandatos. O Saúl era desenhador de profissão e a veia artística que possuía estendeu-se aos filhos.
Grande parte da infância da Ana foi passada com os seus irmãos na Praia das Avencas, Parede. Mas o despertar para as consequências do lixo na praia, que até ali se norteava pelas vozes do povo – “O mar trás, o mar leva” – aconteceu com a sua formação em biologia. É esta área de estudo que a leva a penetrar esse mundo do lixo e as suas consequência para a saúde pública e para a vida animal. Em boa hora o fez, porque a gravidade que os microplásticos e os nanoplásticos (partículas que apresentam uma estrutura interna ou estrutura superficial à escala nano, ou seja, o seu tamanho varia entre 1 e 100 nanómetros, isto é, entre 0,001 e 0,1µm) estão a causar têm de nos fazer andar mais depressa na procura de soluções que se revelam cada vez mais difíceis de alcançar.
A prova da sua criatividade pôde ser comprovada no passado mês de Novembro, na exposição do seu projecto “Plasticus Maritimus vs Plasticus Serranitus”. Decorreu na Covilhã, com o apoio do Município, no espaço “A Tentadora”, a convite da Mistaker Maker (2). Neste âmbito, a Ana deslocou-se até à Serra para dar continuidade ao importante e interessante trabalho que tem vindo a desenvolver pelo país, para despertar consciências e alertar para os perigos que nos envolvem, à vida animal por inteiro. A iniciativa contou com a participação do ECOLAB, da Universidade de Coimbra, que aproveitou o momento revelar alguns dados dos estudos que têm vindo a ser realizados numa parte das massas de água do Planalto Superior da Serra da Estrela. Sobre estes estudos as autoras farão os possíveis por esclarecer os mais curiosos leitores nas próximas edições da Revista Zimbro com os resultados científicos que têm conseguido apurar.
Quer a exposição organizada pela Ana, quer os estudos realizados pelo ECOLAB, vêm confirmar as preocupações que a nossa Associação tem vindo a denunciar há décadas, sobre a qualidade do ambiente em que se encontra a Serra da Estrela, fundamentalmente, na área do Planalto Superior. Nesta região, encontram-se os sítios mais sensíveis e problemáticos, com os quais o nosso país se comprometeu proteger e conservar – as zonas RAMSAR, que o Parque Natural da Serra da Estrela teima em nada fazer, optando, ao invés, por um silêncio cúmplice que acentua a gravidade da situação. Problemas como este podem ser minimizados sem qualquer verba para executar acções de conservação. Bastarão apenas o conhecimento, a sensibilidade e a vontade para os resolver.
Durante a exposição, a Ana organizou uma oficina para crianças, que tiveram a oportunidade de realizar 3 animações em stop motion, e uma acção de formação para professores.
A ASE quer congratular a Ana pelas suas iniciativas, que fazem uma aliança muito rica entre a pertinência dos temas e a criatividade com que os aborda. Os valores subjacentes à sua actuação coincidem com os valores defendidos pela nossa Associação. É com grande felicidade que constatamos que esses valores são transversais no tempo e passam de geração em geração, não estivesse hoje a Ana a defender o que defendeu outrora o saudoso Saul.
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