Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2024-06-10

O Paradoxo das “Estradas Verdes”

O Paradoxo das “Estradas Verdes”

 

Palavras chave

ambiente  folgosinho  mondego  verdelhos  
 

Temos vindo a assistir a uma nova moda e os tempos parecem estar mesmo de feição para a criatividade de procurar construir estradas. De tão negras que são, apelidá-las de “verdes”… é obra!

Depois da anunciada “Estrada Verde” para a zona do Alto Mondego, anunciada como estruturante para o desenvolvimento da região, surgiu recentemente mais uma a receber tal distinção, que passa pela requalificação da existente, entre a zona da Cova e Verdelhos, no concelho da Covilhã.

Os autarcas de Manteigas que possuem as estradas negras nas áreas mais verdejantes da Serra da Estrela, não tiveram a esperteza saloia de promover turisticamente as estradas de alcatrão, de uma maneira simples e sem custos – chamar verde ao alcatrão, diga-se de passagem.

É preciso estar muito atento às ideias que vêm sendo avançadas para os campos do Alto Mondego e procurar relacioná-las com os denominados casais, o tipo de aproveitamento dos mesmos, a rede viária, a exploração da terra e a contradição com outras ideias propostas para aquela zona. Como seja a tão falada barragem do Barlateiro, cujo limite do pleno de água vai submergir grande parte dos casais e das estradas que constam do Plano de Intervenção em Espaço Rústico (PIER) – Casais de Folgosinho. O respectivo protocolo foi assinado no dia 14 de Janeiro de 2022, nos Paços do concelho de Gouveia e contou com a presença, entre outros representantes, da ex-Ministra da Coesão Territorial, a Professora Dra. Ana Abrunhosa, e da Directora do ICNF, Engª. Fátima Araújo Reis, que tem a tutela do Parque Natural da Serra da Estrela. É assustador o que está descrito no PIER para a zona dos Casais de Folgosinho e toda a atenção será pouca para o que consta no Plano e  sua realização.

Já em relação à beneficiação da estrada entre a Cova e a Freguesia de Verdelhos, não vemos que a intervenção seja motivo de preocupação. Aliás, pensamos que a melhoria do seu pavimento pode contribuir para melhorar o trânsito na estrada entre Manteigas e o Poço do Inferno, passando a oferecer aos visitantes outras perspectivas da Serra da Estrela. Se queremos tirar pressão a zonas de grande sensibilidade ambiental e ecológica, é fundamental criar condições noutras zonas de grande interesse turístico, mais próximas das povoações e de baixa altitude, como é o caso desta estrada.

O que não se compreende é o alinhamento de arvoredo a ladear a estrada, a régua e esquadro, duvidando que tenha havido ali mão de arquitecto paisagista. Uma situação, que a nosso ver é de simples solução, mas fundamental para que a leitura que se faça da paisagem crie nos visitantes a ideia demasiado bizarra da artificialização.

 
 
 

 

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2 Comentários


  1. Lê-se no artigo acima,
    “É assustador o que está descrito no PIER para a zona dos Casais de Folgosinho e toda a atenção será pouca para o que consta no Plano e sua realização.”
    Seria útil e facilitador para a melhor compreensão do problema se incluíssem o texto desse plano, pelo menos na parte que diz respeito a essa Barragem do Barlateiro. Ou, em alternativa, incluír um ‘link’ para uma página na internet onde se possa consultar esse plano…

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