Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 

2024-04-07

A Estrada do Vale do Zêzere

A Estrada do Vale do Zêzere

 

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De acordo com a notícia vinda a público, estarão disponibilizados 3,9 milhões de euros para a recuperação definitiva da ER 338, entre Manteigas e os Piornos, sendo que 90% deste valor será financiado pelo Governo, através do Plano de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela (PRPNSE).

É bom que se diga que as principais problemáticas emergentes desta estrada, que têm causado enormes transtornos e prejuízos para o Município de Manteigas, começaram com o incêndio de Agosto de 2005. Já nessa altura, a ASE alertou para as consequências que se iam fazer sentir na estrada, como veio a verificar-se 3 meses mais tarde.

A nossa Associação não se limitou apenas a alertar para o que poderia acontecer na estrada, como fez questão de indicar a origem dos problemas que daí poderiam surgir. Paralelamente, apresentou soluções que minimizassem os riscos de derrocadas e queda de pedras, que, como se comprova pela realidade que se mantém ainda nos dias de hoje, não foram devidamente avaliadas nem intervencionadas pelas entidades responsáveis. Depois dos acontecimentos de 2005, com a ocorrência de novos incêndios, a situação agravou-se com a vulnerabilidade da encosta, tendo chegado ao estado actual, como é do conhecimento público. Hoje, por consequência, verificam-se cortes cuja duração prejudica o Município de Manteigas a vários níveis.

Durante quase duas décadas, a única entidade que teve a ousadia de, publicamente, ter apresentado soluções, foi a ASE. Fizemos questão de levar ao conhecimento da entidade tutelar da via, numa reunião na sua sede, em Almada, onde participaram oito técnicos que reconheceram o trabalho da nossa Associação, que passamos a citar: “Os senhores foram os únicos a vir aqui para nos trazer alguma coisa. Todos os outros é apenas para exigir!” Apesar disto, a ASE tem sido acusada, pelo boato de ser contra a beneficiação da ER 338, mais conhecida pela estrada do Vale do Zêzere.

Ter uma boa estrada que permita uma circulação segura, que assegure não se tornar uma via mais rápida, ao mesmo tempo que garanta a manutenção da paisagem do Vale mais importante da Serra da Estrela, sempre foi uma preocupação para a ASE, não descuidando o importante papel da estrada para o Município de Manteigas.

Dada a sua importância e o anúncio das verbas para a realização dos trabalhos, iremos procurar obter o máximo de informação sobre os mesmos e a sua respectiva projecção. Reconhecemos a necessidade de intervenção na plataforma de maneira que se garanta o cruzamento das viaturas em segurança, motivo pelo qual nos debruçámos sob este aspecto na proposta apresentada. Contudo, entre a apresentação da referida proposta e a eventual solução efectiva para esta situação, decorreram vinte anos – período suficiente para o crescimento de uma árvore adulta. Mas é necessário assegurar um melhor sistema de drenagem, para que o risco de fogo seja minimizado. Do mesmo modo, a sinuosidade do traçado é fundamental, numa tentativa de evitar a criação de taludes que, além de impactarem negativamente a paisagem, promovem maior velocidade dos automobilistas, aumentando o número de acidentes. Trata-se de uma via de montanha que deve ser tratada como tal.

Convém, no entanto, esclarecer que existem duas realidades independentes – a encosta e a estrada – que estão interligadas. Por isso, o investimento numa delas, ignorando a segunda, não resolve a situação da estrada, ficando a mesma sujeita aos mesmos problemas. Se, por um lado, a estrada precisa de beneficiar das preocupações já manifestadas, é na encosta que tem de se encontrar a solução, para evitar os riscos já conhecidos, bem como o  inevitável encerramento, acabando Manteigas no mesmo rol de penalizações.

O alargamento da via em apenas 80 centímetros e a criação de uma plataforma do lado da encosta que incorpore os excedentes resultantes desse alargamento, deixará os muros de suporte em pedra seca mais elevados, diminuindo, assim, o risco de incêndios. A plataforma gerada serve de base amortecedora para qualquer pedra que deslize e caia, depois do necessário arvoredo a ser plantado.

A ASE não só não é contra a beneficiação da estrada, como tudo fará para que da intervenção que venha a verificar-se veja contempladas as suas propostas e possa, simultaneamente, contribuir para que o resultado final sirva de modelo e reflexão para outras estradas.

 
 
 

 

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