2024-01-05
Palavras chave
editorialNuma altura em que a passagem de um ano para o outro nos convida a reflectir sobre o passado e o presente, as circunstâncias da época que vivemos, simultaneamente, fazem-nos um apelo, para que nos adaptemos a elas: nos dias de frio, tentamos aquecer as nossas casas; nos dias de chuva, podemos vestir um bom casaco; e nos dias cinzentos, há quem tente, até, dar cor ao coração.
A adaptação aos desafios nem sempre é fácil. É, aliás, um desafio per si. Que nos diga Pedro Monteiro, que lançou o caos quando anunciou o falecimento de Ruben dos Santos, a mais bela vítima das condições que nos tem oferecido o mundo actual. Ora vejamos:
“Faleceu ontem, pelas 15h30, no Parque Municipal de Fafe, vítima de prolongada exposição solar, Ruben Alexandre Martins dos Santos, boneco de neve de 7 semanas de idade e uma das mais carismáticas figuras fafenses. Deixa cenoura e dois pauzitos. À família enlutada endereçamos sentidas condolências. O cortejo fúnebre sairá amanhã, pelas 14h00, da Igreja de Nossa Senhora das Neves. Não haverá lugar, por motivos ponderosos, a missa de corpo presente.”
De facto, é do conhecimento geral que a neve, a par com todas as condições que estão na origem da sua escassez, é cada vez mais uma raridade no território português. Na verdade, as mudanças ambientais ao nível mundial têm proporcionado a diminuição significativa de neve em Portugal, particularmente, na Serra da Estrela.
Assim, neste novo ano, ficam os votos para que possamos repensar os nossos objectivos, prioridades e ambições, mostrando a capacidade de adaptação necessária para as adversidades que se colocam. Deste modo, talvez possamos ter em linha de conta todos aqueles que nos rodeiam e cuja vida seja, também ela, digna do tempo e do espaço que necessitam, tal como precisou o Ruben, o boneco de neve de sete semanas.
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