Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 
Advogado

2024-01-03

O embuste da “riqueza” em lítio

O embuste da “riqueza” em lítio

 

Palavras chave

energia  litio  minas  
 

O terramoto politico-judicial que provocou a queda do governo, trouxe mais uma vez à ribalta a questão da exploração do lítio.

Além da enorme destruição que a exploração provoca nas regiões envolvidas, nomeadamente ambiental, paisagística, social, de saúde pública e até económica, porque tem um impacto muito negativo nos principais recursos das zonas afectadas, como a produção agrícola, florestal, vinícola e o turismo de natureza, importa equacionar qual o “benefício” que se pretende obter à custa de tantos impactos negativos.

Desde logo importa salientar que toda a operação de propaganda montada pelo governo e pelo lobby pró-lítio, se baseia numa mentira, a de que Portugal teria a 5a ou 6a maior reserva de lítio do mundo.

De acordo com um artigo muito completo da edição de Fevereiro de 2019 da National Geographic Magazine sobre o lítio e a sua exploração no mundo, entre os 17 países que exploram lítio (porque há outros que têm lítio, alguns com grandes reservas, mas que não o exploram), Portugal encontra-se em décimo sétimo, ou seja, em último lugar com uma reserva meramente residual.

Este facto demonstra que a campanha sobre o suposto “interesse nacional” da exploração do lítio, foi construída com base numa grosseira falsificação da realidade, para criar na opinião pública a ideia de que teríamos uma enorme riqueza, que deveria necessariamente ser explorada, objectivo que foi maioritáriamente conseguido, como demonstra o facto de, do lado dos defensores da exploração, ser insistentemente utilizado como argumento a “grande riqueza” ou “grandes reservas”, que seria um “desperdício” não explorar!

A necessidade de construir uma ficção para justificar o “interesse nacional” do processo, demonstra desde logo que esse “interesse nacional” não existe, o que é um forte indício de que a forma como o governo avançou, contra tudo e contra todos, com a imposição da exploração do lítio, é movida por outros interesses, que não o “nacional”.

Outro aspecto estranho (pelo menos!), é o facto de, na generalidade dos casos, a percentagem de lítio nas rochas a explorar ser diminuta, podendo referir a título de exemplo, que na zona da Serra da Estrela as “soleiras litiníferas”, além de não serem maioritárias entre as “soleiras” minerais a explorar, contêm uma percentagem de lítio de 0,57%, ou seja, cerca de meio por cento, de acordo com o que consta nos próprios documentos do governo que instruíram o processo da consulta pública!

A referida baixa percentagem e o facto de, na exploração de minério, o grosso dos proventos serem apropriados pelas empresas concessionárias, sendo reduzidos os valores pagos pelos direitos de exploração, tem como consequência que a “vantagem” económica para o País e para a Região é práticamente nula ou insignificante.

Quanto às desvantagens, são de tal forma graves, em todos os aspectos, nomeadamente os referidos no início, que a única posição compatível com o interesse das regiões afectadas e também com o interesse nacional, é a oposição à exploração.

 
 
 

 

Comente o artigo

0 Comentários


Contactos | Ficha técnica

© 2024 Revista Zimbro

made with by alforreca

Siga-nos