Revista Zimbro
by Amigos da Serra da Estrela
 
Bióloga

2023-12-06

Os Traquinas Florestais

Os Traquinas Florestais

 

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No início do ano, a ASE foi chamada a ajudar a desenvolver o projeto “Traquinas Florestais” da Escola Básica Pêro da Covilhã, que tem como objetivo reflorestar as encostas da Serra que vemos vestidas de luto após o incidente de 2022. Na manhã do dia 20 de novembro, celebrámos mais uma etapa do programa, a sementeira de árvores autóctones.

Traquinas

No ano de 2022, a empresa Endesa Energia S.A deu início ao concurso nacional “Sara Terra: Mudar o mundo uma escola de cada vez”, a fim de financiar um projeto escolar de ação ambiental. Enquanto Coordenadora de Cidadania, a professora Lídia Fonseca da Escola Básica Pêro da Covilhã inscreveu o projeto “Traquinas Florestais”, com o seu conselho de turma, o 5º1, e conquistou o primeiro lugar. Entre as 58 escolas participantes e as 111 turmas, os “traquinas” triunfaram após determinar “a desflorestação como o problema mais grave, tendo em conta a devastação provocada pelos incêndios do verão de 2022”, como explica Lídia à revista Zimbro.

Por considerar a ASE como a associação “ideal para ajudar”, Lídia contactou o nosso Presidente José Maria Saraiva para levar à avante o objetivo de devolver o verde às serras da região. Assim nasceu o laço entre a ASE e os “Traquinas Florestais”, pela partilha de valores entre o projeto e coletivo, como “a entrega às causas que defende, a forma como luta pela Serra e o dinamismo”, confessa Lídia. Trabalhando para ser uma força positiva no combate às ofensas ambientais no
território, os alunos do 5º1 iniciaram uma onda de cuidado pela nossa floresta. Este movimento não se limitou a estes estudantes, “como um dos objetivos do projeto é envolver toda a comunidade educativa, relembrei o projeto aos professores da disciplina. Oito turmas juntaram-se aos “Traquinas Florestais””, relembra a docente.
Os dados estavam lançados, e mais de 290 alunos estavam agora a jogar connosco. Em primeiro lugar, foi necessário encontrar o elemento central, as sementes! Para tal, os estudantes fizeram-se acompanhar de professores e encarregados de educação, calçaram as botas de campo, e partiram à descoberta dos matos que têm a seu redor. O mundo natural vive de intenções, e é interpretando-as que descobrimos que o ótimo reside na biodiversidade, especialmente biodiversidade autóctone. Durante os primeiros meses de outono os “traquinas” coletaram 3000 bolotas de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e sobreiro (Quercus suber), assim como castanhas (Castanea sativa). Os pequenos embriões de futura floresta foram guardados até à próxima fase do projeto.

O dia marcado para a sementeira tardava a chegar, as sementes aguardavam ansiosas por serem colocadas em terra, e os estudantes esperavam, igualmente impacientes, pelo momento. Dia 20 de Novembro chegou, tal como a ASE chegou à escola com as couvetes prontas a serem usadas.

Antes de sujar as mãos, definimos os “porquê” e os “como” através de uma breve apresentação pedagógica sobre a necessidade de semear floresta resiliente, e quais os passos para o fazer. De seguida, trocámos o conforto das cadeiras pelas mãos na terra e começámos o trabalho. Semear é fácil, basta colocar quatro "dedos" de substrato, a semente, adicionar mais uma camada de terra, e regar. A garotada aprendeu rápida e atentamente, e, na forma de um “caos organizado” semearam como gente grande.

O próximo passo? Esperar! Esperar que as intenções tenham êxito e que as árvores cresçam. Nos próximos meses, as couvetes serão regadas pelos “traquinas”, até que seja construído um sistema de rega energeticamente eficiente, com painéis solares e água do poço que a escola possui. Desta forma, garantimos que os rebentos sobrevivam às estações quentes que 2024 trará. Quando as sementes já não forem sementes, levaremos as jovens árvores e os pequenos semeadores a fazer a plantação. Direção? Montanha! A casa permanente destes brotos de vida serão as encostas que abraçam a Covilhã, e que contam com a nossa ajuda para voltarem a ser como eram. Espera-se que a plantação ocorra no outono de 2024, “em articulação com a comunidade escolar, família dos alunos e quem estiver disponível e quiser juntar-se a esta causa”, apela a professora. Ainda há muito a ser feito, mas a onda já não pára. No próximo dia 16 de dezembro, a ASE realizará uma plantação de mais 3000 árvores autóctones, e chama todos os interessados no bem-estar da Estrela, todos os alunos, professores, e encarregados de educação que de alguma forma foram sensibilizados pela ação dos “traquinas” a vir contribuir também na reflorestação da casa que coabitamos. Esperamos por vocês às 9h da manhã junto à Pedra do Urso!

 
 
 

 

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